Bandeira Vermelha e Negra da FASP

Bandeira Vermelha e Negra da FASP
Bandeira da Federação Anarquista de São Paulo

A Confederação

" Quando a Confederação chegar nenhum muro, casa, apartamento, Status Cow, propriedades, radicais e trabalhos vão separar você de você que sera o carrasco e a vitima de você mesmo.
Por tanto se amem e sejam felizes, pois os bons frutos seram multiplicados e os maus frutos serão punidos em meu jardim.
Estou cansado de ganhar almas de Ingratos que ganharam tudo isto aqui e me prodizem maus frutos no paraizo. "

The Proibid

A Coluna Anarquista Organicista

A Federação Anarquista é a Espinha Dorsal do Anarquismo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

ENCONTRO PRÓ - FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO

ENCONTRO PRÓ-FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO
São Paulo, 26 e 27 de Julho de 2008


Evidentemente, organização significa coordenação de forças
com um objetivo comum, e obrigação de não promover
ações contrárias a este objetivo.
Errico Malatesta

Bom dia a todos!

Primeiramente, nós do Núcleo Pró-Federação Anarquista de São Paulo, ou FASP, gostaríamos de dar as boas vindas e agradecer a todos e todas que se inscreveram neste encontro.
Como já deve ser de conhecimento, nossa proposta é abrir a discussão para a constituição de uma organização anarquista no estado de São Paulo. Ao lançar a proposta de constituição da FASP, temos em mente um modelo para esta organização e algumas questões “de saída” que são consenso entre nós.
O modelo que escolhemos adotar é o modelo conhecido na América Latina como “especifismo”. Trazido do Uruguai, o termo “especifismo” refere-se a dois eixos fundamentais que marcam a atuação anarquista: a organização e a “inserção social”, baseados em dois conceitos clássicos do anarquismo, que são:

1. a atuação diferenciada nos níveis político (da organização anarquista) e social (dos movimentos sociais, sindicatos, etc.) – conceito de Bakunin.

2. a organização específica anarquista – conceito de Malatesta.

Os primeiros a utilizar este termo foram os companheiros da Federação Anarquista Uruguaia (FAU), apesar de se referirem a uma forma de organização que começou a ser desenvolvida no século XIX por Bakunin e que foi aprimorada posteriormente por Malatesta, Magón, Durruti, Makhno, FAU, entre outros. No Brasil Neno Vasco e José Oiticica, Jaime Cubero, Antonio Martinez e Ideal Peres, por exemplo, defenderam posições semelhantes.

Hoje, este modelo especifista desenvolve-se em oposição ao modelo “de síntese” ou “sintetista”, mais conhecido no mundo e adotado por organizações como a Federação Anarquista da França. No modelo sintetista, a Federação é uma organização que associa uma série de grupos federados, com algumas linhas gerais em que se baseiam os acordos desta associação e com autonomia completa dos grupos dentro da federação. Há múltiplas linhas teóricas e ideológicas e múltiplas linhas programáticas ou estratégicas. É um modelo em que cabem todos os tipos de anarquismo: anarco-individualismo, anarco-comunismo, anarco-sindicalismo, e todos os outros. O que pretendemos começar a discutir, não é uma organização sintetista, nestes moldes, mas sim uma organização especifista.

Voltando aos dois eixos da organização especifista, ou seja, organização e inserção social, podemos dizer que sabemos que eles não são defendidos por todas as correntes anarquistas. Sabemos que o anarquismo é bastante amplo e, por isso, abarca diversas concepções, muitas delas contraditórias.

O especifismo defende uma posição clara na polêmica histórica sobre a questão da organização e da prática anarquista, e é por isso que tem como seu primeiro eixo a organização. Em primeiro lugar, defende que os anarquistas devem organizar-se especificamente, como anarquistas, para então trabalhar com os movimentos sociais. Neste modelo organizacional, vale a idéia que, para se atuar com eficiência na luta de classes, é preciso que os anarquistas estejam organizados, no nível político e ideológico, como um grupo coeso, com discussão política e ideológica avançada, com uma estratégia bem definida, de forma que isso lhes dê força suficiente para atuar no âmbito das lutas, dos movimentos sociais.

A organização específica anarquista, que trabalha no âmbito político, atua no seio da luta de classes, nos movimentos sociais e populares, que constituem o âmbito social. Neste trabalho, os anarquistas, organizados como minoria ativa, influenciam-lhes o quanto podem, fazendo-os funcionar da forma mais libertária e igualitária possível. Organizados como um agrupamento específico coeso, os anarquistas constituirão uma força social muito maior e poderão funcionar como um elemento sólido de influência e persuasão que terá menos chance de ser “atropelado” por um partido de esquerda, por autoritários de qualquer estirpe, pela igreja, e outros indivíduos e grupos que tentam a toda hora usar o movimento social para seu próprio benefício.

O segundo eixo do anarquismo especifista é a inserção social. A idéia de inserção social está ligada àquela busca do vetor social perdido pelo anarquismo, quando este terminou por desligar-se da luta de classes e dos movimentos sociais. Com o episódio do afastamento dos anarquistas do movimento sindical no Brasil, ocorrido entre os anos 1920 e 1930, há uma perda desse vetor social do anarquismo que termina por organizar-se em centros de cultura, ateneus, escolas etc. A inserção social reforça a idéia de que os anarquistas devem buscar, além destes aspectos de reforço da memória e da promoção da cultura libertária, principalmente, ter um papel relevante na luta dos movimentos sociais e populares.

Muitos têm um pouco de receio com o termo inserção social por associá-lo ao velho “entrismo” da esquerda autoritária em movimentos para tentar aparelhá-los ou fazê-los funcionar em seu próprio benefício. Na realidade isso não é verdade; este conceito de inserção social dos anarquistas está ligado tão-somente, à idéia de retorno organizado dos anarquistas à luta de classes e aos movimentos sociais e uma atuação com ética – um dos princípios mais importantes neste modelo de organização. Não em um sentido vanguardista de lutar pelo movimento, mas defendendo a idéia da minoria ativa, que luta com o movimento. Neste caso, não há hierarquia e nem dominação do nível político em relação ao nível social, como querem os autoritários, mas há complementaridade; o político complementa o social assim como o social complementa o político.

Há algumas outras idéias que caminham junto com os conceitos apresentados acima. Por exemplo, a crítica à falta de organização de muitos anarquistas, propondo, para tanto, essa forma de anarquismo organizado, norteado pela concepção de organização específica anarquista explicada anteriormente. Há também uma clara oposição ao anarquismo individualista e à exacerbação dos egos, propondo uma forma de anarquismo comunista ou coletivista, que faz da liberdade coletiva seu norte estratégico e que, sem ela, considera impossível a liberdade individual.

Essa forma de organização opõe-se ao modelo sintetista, por acreditar que não funciona colocar uma série de indivíduos e organizações sob o “guarda-chuva” anarquismo, simplesmente realçando uma identidade em torno da crítica – pois geralmente só há acordo na crítica do Estado, do capitalismo, da democracia representativa – ou mesmo da sociedade futura; isso porque não há nenhum acordo ou unidade em termos organizacionais ou nas questões construtivas. Ou seja, não há uma posição clara em torno da forma de organização adequada, em torno do “como” atuar. Muitos anarquistas nem mesmo consideram a organização tão necessária e outros a acham até autoritária.

No modelo de organização especifista, defende-se a idéia de se trabalhar com unidade teórica e ideológica e unidade programática (estratégica), o que facilita enormemente o trabalho, com todos trabalhando no mesmo sentido. Nesta forma de organização, há também um papel preponderante para a questão da responsabilidade e do compromisso militante.

Não se trata de trazer uma proposta pronta, mas de algumas linhas pré-estabelecidas de um projeto de longo prazo que queremos desenvolver coletivamente. O propósito deste encontro é discutir e agregar pessoas que tenham interesse em iniciar um trabalho organizacional no sentido colocado acima e iniciar a construção desta organização em São Paulo.

A partir de então, a proposta será a discussão mais aprofundada sobre os moldes da organização, a elaboração de uma carta de princípios, a definição dos espaços de inserção e a apresentação para os novos companheiros dos trabalhos que já existem no Núcleo, a formulação de uma linha estratégica, dos conceitos, e a própria fundação da organização. Consideramos esta, portanto, uma forma de construção coletiva.

Esperamos que aproveitem e que gostem do encontro.

Pelo anarquismo como ferramenta de luta!
Pela organização dos anarquistas!
Pela Federação Anarquista de São Paulo!


Núcleo Pró-FASP da capital

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