Bandeira Vermelha e Negra da FASP

Bandeira Vermelha e Negra da FASP
Bandeira da Federação Anarquista de São Paulo

A Confederação

" Quando a Confederação chegar nenhum muro, casa, apartamento, Status Cow, propriedades, radicais e trabalhos vão separar você de você que sera o carrasco e a vitima de você mesmo.
Por tanto se amem e sejam felizes, pois os bons frutos seram multiplicados e os maus frutos serão punidos em meu jardim.
Estou cansado de ganhar almas de Ingratos que ganharam tudo isto aqui e me prodizem maus frutos no paraizo. "

The Proibid

A Coluna Anarquista Organicista

A Federação Anarquista é a Espinha Dorsal do Anarquismo

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Alguns textos clássicos de referência para o anarquismo especifista

BAKUNIN, A ALIANÇA E A INTERNACIONAL

A quem nos pergunte que motivo tem a existência da aliança uma vez que já existe a Internacional, respondemos: A Internacional é, desde já, uma magnífica instituição; é inegavelmente, a mais bela, a mais útil, a mais bem feita criação de nosso século. Foi criada a base da solidariedade dos trabalhos de todo o mundo. Foi-lhes dado um principio de organização através de todos os estados e à margem do mundo dos explorados privilegiados. E fez mais ainda: hoje ela já contém os primeiros germes da futura organização da unidade, e ao mesmo tempo ela deu ao proletariado de todo o mundo a percepção do seu próprio poder.

São, é claro, imensos os serviços que ela prestou a grande causa da revolução universal e socialista. Mas ela não é uma instituição suficiente para organizar e dirigir a revolução. Todos os revolucionários que tomaram parte ativa nos trabalhos da Internacional, em qualquer país, desde 1864 - ano de sua função- estão convencidos disso.

A Internacional prepara os componentes da organização revolucionária, mas não a organização revolucionária em si. Ela os prepara para a luta pública e legal dos trabalhadores solidários de todos os países contra os exploradores do trabalho – capitalistas, proprietários e empresários industriais – mas nunca vai mas além. A única coisa que faz fora esta obra, por si só tão útil, é a propaganda teórica das idéias socialistas entre as massas. Em uma palavra, a Internacional é um espaço sumamente favorável e necessário para a organização revolucioná5ria, mas não é a organização revolucionária em si. A Internacional admite em seu seio, sem distinção de crenças políticas ou religiosas, a todos os trabalhadores honrados com a única condição de que aceitem, com todas as suas conseqüências, a solidariedade da luta dos trabalhadores contra o capital burguês, explorador do trabalho. Esta é uma condição suficiente para separar o mundo dos trabalhadores de mundo dos privilegiados, mas insuficiente para dar ao primeiro destes mundos uma orientação revolucionária.

Os fundadores da Associação Internacional procederam com suma sabedoria ao eliminar desde o primeiro momento da Associação todos os assuntos políticos e religiosos. Não há duvida nenhuma de que não careciam de opiniões políticas e anti-religiosas bem definidas, mas se abstiverem de incluí-las no programa, pois sua finalidade principal estava antes de tudo em reunir as massas operárias de todo mundo civilizado dentro de uma ação comum.

Necessariamente tiveram que buscar uma base comum, uma série de princípios simples a respeito dos quais todos os operários - fossem quais fossem suas idéias políticas e religiosas, com tanto que se tratasse de operários sérios, quer dizer, de homens duramente explorados e sofredores – estivessem de acordo. Se houvessem desfraldado a bandeira de algum sistema político ou anti-religioso, longe de reunir a todos os operários da Europa, os dividiriam mais ainda. Se por acaso a simples palavra ateísmo houvesse sido incluída no estandarte da Internacional haveria podido a Associação reunir em seio sequer duas centenas de aderentes? Todo mundo sabe que não. E não porque o povo seja realmente religioso, e sim porque acredita sê-lo, haverá de seguir acreditando enquanto uma boa revolução social não lhe proporcione meios para acabar com estas aspirações ilusórias.

A aliança é o necessário complemento da Internacional. Mas a Internacional e a Aliança, ainda quando têm a mesma finalidade, ao mesmo tempo perseguem objetivos diferentes. Uma tem a missão de agrupar as massas operárias, os milhões de trabalhadores, através dos diferentes países e nações, através das fronteiras de todos os estados; a outra, a Aliança, - tem a missão de dar a estas massas uma orientação realmente revolucionária. Os programas de uma e de outra, sem que de modo algum sejam opostos, são diferentes pelo grau de seu respectivo desenvolvimento. O da Internacional, se o tomamos com toda a serenidade que exige o caso, convém o germe, mas solo em germe, todo o programa da Aliança, O programa da Aliança é a explicação última do programa da Internacional.

Não podemos nem queremos unir outro exército que não o do povo. Mas como fazer para que a massa se levante unida e simultaneamente, que é a única condição debaixo da qual pode vencer? E sobretudo, como fazer para que as massas, ainda que eletrizadas e sublevadas, não se percam nem se paralisem devido a seus movimentos opostos? Fica evidente que esse trabalho de um homem só, que uma empreitada tão difícil só pode ser levada a bom termo graças a ação de muitos homens mancomunados. Mas para isso, é necessário antes de tudo que eles se entendam entre si e se dêem a mão a fim de levar a cabo sua obra em comum. E como esta tem uma finalidade prática, revolucionaria, o entendimento mutuo, que e sua condição necessária, mas pode fazer-se de maneira pública; se assim o fosse atrairia contra seus iniciadores as perseguições de todo o mundo oficial e oficioso, e estes se veriam dominados antes de poder mover um dedo.

Nunca se deve renunciar ao programa revolucionário claramente estabelecido, nem pelo que tange à forma, nem pelo tange a sua substância. As reticências, as meias verdades os pensamentos castrados e as complacentes atenuações e concessões de uma diplomacia covarde não são os elementos com que se formam as grandes coisas; estas só se formam com corações com espírito justo e firme, com uma finalidade claramente determinada e com uma grande valentia.

Sabemos que em política não há prática sincera e útil que possível sem uma teoria e uma finalidade claramente determinada. Não cabe dúvida de que o número de nossos aderentes será maior se evitarmos precisar nosso real caráter. Mas já disse o provérbio que quem muito abarca mal abraça: compraríamos todas estas preciosas adesões ao preço de nossa completa aniquilação. E entre tantos equívocos e frases que hoje envenenam a opinião pública da Europa, seríamos apenas uma mentira a mais.

O que as autoridades revolucionárias deixem de fazer frases, mas tendo uma linguagem tão moderada e pacífica quanto se queira, que façam a revolução. Justamente o contrário do que as autoridades revolucionárias tem feito até agora em todos os países. Com bastante freqüência tem excessivamente enérgicas e revolucionárias em sua linguagem e muito moderadas, para não dizer reacionárias em seus atos. Até poderia dizer que, quase sempre, a energia da linguagem lhes te servido de máscara para enganar ao povo, para ocultar dele a debilidade e a inconseqüência de seus atos.

“Nós, bem ou mal, conseguimos formar um pequeno partido; pequeno em relação ao número de pessoas que aderiu a ele com conhecimento de causa, mas imenso com respeito a seus aderentes instintivos, a estas massas populares cujas necessidades representamos melhor que qualquer outro partido. Agora deveremos navegar todos juntos no oceano revolucionário, e daqui para frente devemos propagar nossos princípios, não com palavras, mas com fatos, porque afinal é a mais popular, poderosa e irresistível forma de todas propagandas.

Não pensem que eu estou advogando em prol da anarquia absoluta nos movimentos populares. Uma anarquia como essa não seria nada mais que a completa ausência de pensamento, de finalidade e de conduta comum, e necessariamente haveria de desembocar em uma impotência geral. Tudo o que existe, tudo é viável se produz dentro de certa ordem, que lhe é inerente e que demonstra o que há em si. Os revolucionários políticos, os partidários da ditadura ostensiva, recomendam, uma vez que a revolução tenha obtido sua primeira vitória, o apaziguamento das paixões, a ordem, a confiança e a submissão aos novos poderes estabelecidos. Desta maneira reconstituem o estado.

Para que se possa atuar é necessário que exista uma organização, e para isso é necessário prepara-la e organiza-la antecipadamente, pois não se fará por si só, nem por discussões, nem por exposições e debates de princípios, nem por assembléias populares. Por mais inimigo que seja do que na França se chama disciplina, reconheço, não o bastante, que uma certa disciplina, não automática mas sim refletida, e que cada vez que muitos indivíduos, é e será sempre necessário cada vez que muitos indivíduos, livremente unidos, empreendam um trabalho ou uma ação coletiva; não importa qual.

Em tais casos a disciplina não é nada mais que a concordância voluntária e reflexiva de todos os esforços individuais rumo a um fim comum. No momento da ação, em meio à luta, os papéis se dividem naturalmente segundo as aptidões de cada um, apreciadas e julgadas por toda a coletividade: uns dirigem e mandam, e outros executam ordens. Mas nenhuma função se petrifica, se fixa, nem permanece irrevogavelmente aderida a pessoa. A ordem e a promoção hierárquicas não existem, de maneira que o comandante de ontem pode ser o subalterno de hoje. Nesse sistema já não há, rigor, poder. O poder se funde na coletividade e se converte em sincera expressão da liberdade de cada um, na realização fiel e seria da vontade de todos. Todos obedecem somente porque o chefe de cada dia não ordena senão que todos querem. Tal é a disciplina verdadeiramente humana, a disciplina necessária para a organização da liberdade. A unidade viva, verdadeiramente poderosa, e a que queremos todos, é a unidade que a liberdade cria nas entranhas das diversas e livres manifestações da vida, expressando-se pela luta.

ANARQUISMO e ORGANIZAÇÃO *

Errico Malatesta

“Entre aqueles que se dizem anarquistas com diferentes objetivos ou sem adjetivos, há duas facções: os partidários e os adversários da organização. Se não podermos chegar a um acordo, procuremos ao menos nos entender.

E, antes de tudo o problema sendo triplo, distingamos: a organização em geral, princípio e condição da vida social, hoje e na sociedade futura: a organização do “partido anarquista”; e a organização das forças populares, sem particulares, em particular a das massas operárias, em vista da resistência contra o governo e contra o capitalismo. O erro fundamental dos anarquistas que se opõem à organização é de crer que não pode haver organização sem autoridade - e, convencidos desta hipótese, preferem renunciar a toda organização do que admitir a mínima autoridade.

Ora, parece-nos evidente que a organização, isto é, a associação com uma finalidade determinada, sob a forma e com os meios para atingir esta finalidade, é necessário à vida social. O homem isolado não pode senão viver a vida de um bruto; é incapaz de providenciar sua alimentação, exceto nas regiões tropicais ou quando a população é extremamente limitada; e é sempre incapaz, sem nenhuma exceção, de elevar-se a uma vida um pouco superior a do animal. Deve, portanto unir-se a outros homens; ou melhor, se ele se encontra unido a eles de fato, em conseqüência da evolução natural das espécies; é pois, necessário a ele, ou submeter-se à vontade dos outros (autoridade), ou viver em acordo fraternal com os outros para o maior bem de todos (associação).

Ninguém pode escapar desta necessidade; e mesmo os maiores opositores à organização geral da sociedade na qual vivem; além disso, nos atos voluntários de suas vidas, também em sua revolta contra a organização, eles se unem, repartem suas tarefas, organizando-se com os que estão de acordo com eles, e utilizam os meios que a sociedade põe à sua disposição...com a condição, naturalmente, de que não se trata apenas de vagas aspirações platônicas ou de sonhos sonhados, mas de algo que eles queiram verdadeiramente ou que eles façam verdadeiramente.”

“O fato de que pode existir uma coletividade organizada sem autoridade, isto é, sem coerção, sendo admitido – e os anarquistas devem admiti-lo, senão teria sentido -, nos leva à organização do partido anarquista. Um matemático, um químico, um psicólogo, um sociólogo podem afirmar que não têm programa, ou que seu único programa é a procura da verdade; eles querem conhecer, e não agir. Entretanto o anarquismo e o socialismo não são ciências: são objetivos, projetos que os anarquistas e os socialistas querem pôr em prática e que têm necessidade de ser formulados em programas bem determinados.

Se acontece da organização criar chefes, e se, portanto, acontece que os anarquistas sejam incapazes de reagruparem-se e de um acordo entre si sem submeterem-se a uma autoridade isto significa que eles ainda não são bastante anarquistas e que antes de pensar em estabelecer a anarquia no mundo, devem pensar em tornar-se eles próprios, capazes de viver anarquicamente. Mas a solução não está na não-organização: ela está numa maior consciência de cada membro.

Nas pequenas sociedades como nas maiores, a origem e a justificativa da autoridade encontram-se na desorganização social, se excluímos a força bruta, que não intervém no caso que analisamos. Quando uma necessidade se faz sentir em uma sociedade e seus membros não sabem organizar-se espontaneamente para encontrar a solução, apresenta-se alguém, uma autoridade, que propõe uma solução servindo-se da força de todos e dirigindo-a conforme sua fantasia. Se as estradas não são seguras e o povo não encontra solução para este problema, é a política que, em troca de algum serviço prestado faz-se suportar e pagar impondo sua tirania; um produto torna-se necessário e a coletividade não sabe pôr-se de acordo com os produtores estrangeiros para fazê-los vir, é o comerciante que, aproveitando a necessidade de vender para uns e vender para outros, impõe os preços que quer aos produtores e aos consumidores.

Basta ver o que sempre se passou entre nós: quanto menos organizados nos encontramos, mais submissos estivemos à vontade de um indivíduo. É natural que assim seja. Logo, longe de criar a autoridade, a organização é a única solução contra a autoridade e a única maneira de fazer com que cada um de nós se habitue a tomar parte ativa e consciente no trabalho coletivo e deixe de ser um instrumento passivo nas mãos dos chefes. Entretanto, nos dirão, uma organização supõe a obrigação de coordenar sua própria ação com a dos outros, o que viola e impede a iniciativa. Parece-nos que o que realmente priva a liberdade e torna a iniciativa impossível, é o isolamento que reduz à impotência. A liberdade não é um direito abstrato, mas a possibilidade de fazer alguma coisa: é verdade para nós e também para a sociedade em geral. É na cooperação com os outros homens que o homem encontra a razão de ser de sua atividade e de seu poder de iniciativa.

“Ficaríamos muito contentes se pudéssemos estar todos de acordo e unir todas as forças do anarquismo em um movimento forte, etc. É preferível estarmos desunidos que mal unidos. Mas gostaríamos de esperar que cada um una-se a seus companheiros e que não haja forças isoladas, isto é, perdidas.”

“Houve anarquistas – e ainda há, evidentemente – que, embora reconhecendo a necessidade de organizarem-se hoje para a propaganda e a ação, mostrando-se hostis a todas as organizações que não tinham como objetivo direto o anarquismo e não seguiam os métodos anarquistas. Parecia-lhes que todas as forças organizadas em prol de um objetivo, por mais radicais que fossem, eram forças que se furtavam à revelação. Parece-nos ao contrário, que este método condenaria o movimento anarquista a uma perpétua esterilidade, e a experiência nos dá ampla razão.”

Parta fazer propaganda, é preciso estar entre as pessoas, e é nas associações operarias que o operário encontra seus companheiros, em particular aqueles que estão mas dispostos a compreender e a aceitar nossas idéias. Mas, mesmo que pudéssemos fazer toda a propaganda que gostaríamos fora das associações, ela não poderia sensibilizar a massa operária. À exceção de um número muito limitado de indivíduos mais instruídos, capazes de reflexão abstrata e de entusiasmo teórico, o operário não pode chegar de repente ao anarquismo.

Sustentar as organizações populares de toda a espécie é uma conseqüência lógica de nossas idéias fundamentais e deveria, portanto, fazer parte integrante de nosso programa. Um partido autoritário cujo objetivo é tomar conta do poder para impor suas idéias esta interessados em que o povo permaneça uma massa amorfa, incapaz de desemcumbir-se sozinha e, conseqüentemente, sempre fácil de dominar. Logo, ele só pode logicamente desejar o pouco de organização e o gênero de organização que o interessam para chegar ao poder: organização eleitoral, se espera chegar ao poder por vias legais, organização militar se conta, ao contrário, com ação violenta.

Contudo nós, anarquistas, não queremos emancipar o povo; queremos que o povo se emancipe. Não acreditamos no bem que seria praticado do alto e imposto pela força: queremos que a nova forma de vida social nasça das entranhas do povo, que corresponda ao grau de desenvolvimento atingido pelos homens e possa progredir à medida que os homens progridam. O que importa é que todos os interesses e todas as opiniões encontrem em uma organização consciente a possibilidade de exprimir-se de modo válido e de ter sobre a vida coletiva uma influência em proporção de sua importância.

Demo-nos por tarefa lutar contra a organização social atual e demolir os obstáculos que se opõem à implantação de uma nova sociedade que assegure a todos a liberdade e o bem-estar, para atingir esse objetivo, unimo-nos em partido e tentamos ser o mais numeroso e o mais forte possível. Mas se nosso partido estivesse organizado; se os trabalhadores devessem permanecer isolados como elementos indiferentes uns aos outros, unidos apenas pela mesma cadeia; se nós mesmos, organizados em partido enquanto anarquistas, não estivéssemos também organizados com os trabalhadores enquanto trabalhadores, não chegaríamos a nada, ou poderíamos apenas nos impor, mas então, não seria o triunfo do anarquismo, seria o nosso. E seria inútil proclamarmo-nos anarquistas, nada mas seriamos do que governantes, impotentes para fazer o bem, como todos os governantes.

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